Tríplice Fronteira

Três pátrias, três cidades e um só coração!



ONG faz homenagem ao Peão do Saladero


Com a finalidade de continuar na missão de conscientizar a população e a todos os que por aqui passem, sobre a importância do Saladero, projetamos a construção do Monumento ao Peão do Saladero, a ser erigido à entrada da cidade.




"A ONG Atelier Saladero, sempre fiel aos propósitos de preservar a história municipal lançou a inédita e excelente ideia de homenagear e perpetuar a figura do Peão do Saladero, inaugurando sua estátua à entrada da cidade. O monumento, além de homenagear o peão do pampa, relembra uma época remota com significado atual, primitiva, porém romântica, na qual o Saladero abatia o gado de três pátrias e exportava o charque levado de trem até o porto de Montevidéu dando início ao mercado que os tempos modernos convencionaram chamar de Mercosul" (Cel. Nelson Narvaes).



O artista José Goittia




A feitura da estátua ficou a cargo do escultor José Goittia, responsável pela Coordenação dos Trabalhos Artísticos da ONG Atelier Saladero e reconhecido artista plástico em toda a Tríplice Fronteira. Na fase de estudo do projeto, a ONG pesquisou e consultou inúmeras obras que dessem fundamentação histórica e social ao Monumento.



Um patrimônio histórico abandonado



O Saladero foi centro de rica atividade comercial em torno do charque. Infelizmente, todo esse patrimônio arquitetônico, histórico e cultural, está sendo destruído pelo tempo e pelo homem! A ignorância de alguns vem fazendo desaparecer para sempre casas seculares que trazem a marca, o suor e as lágrimas das gerações antigas. Nossa luta busca encontrar eco a este apelo: Não deixem desmoronar a nossa história! O nosso passado é o futuro de muita gente..." (ONG Atelier Saladero, 0utubro, 2003).



Por que chamou-se Saladero um complexo industrial nos moldes das charqueadas rio-grandense?



.....Para se entender porque chamou-se Saladero um complexo industrial nos moldes das charqueadas rio-grandense, é necessário entender a influência espanhola na região.
.....E um processo histórico lento, os trabalhadores do sul tiveram a idéia de constituir um mercado mais livre à economia e a mesma fronteira que separava passou a servir como ponto de união, evidenciando o caráter integratório destes limites.

.....Formou-se uma zona fronteiriça vinculada pela história, pela economia, pela política e pela cultura.

Leia a íntegra do estudo...



O homem do campo, na Barra do Quaraí, é responsável por 80% do PIB municipal


A história de seu povo é a do homem do campo, com suas tradições e respeito à Natureza.

 

 

O cavalo crioulo, pedestal do gaúcho, promove o município nacionalmente, nas provas do Freio de Ouro e Hipismo de Esteio.

 

 



Às margens do rio Quaraí, acha-se, no meio de destroços e ruínas, um pobre e velho casarão abandonado, posto de lado por não servir mais.

Ele agoniza ali, envolto numa tristeza deprimente. Imerso no abandono e no esquecimento, vai se desfazendo aos poucos, lentamente, ano a ano até não existir mais...

 

Ele foi construído por brasileiros, uruguaios e argentinos, com capital inglês, inaugurando uma época de fartura na região da Tríplice Fronteira. E pouco a pouco, ergueu-se na pampa imensa a beleza forte da sua arquitetura.
Depois, surgiu a residência apalaciada do Gerente-Chefe, um belíssimo prédio em estilo colonial. Ali funcionavam vários escritórios e agências do Banco Francês e Italiano, com correspondentes nas praças de Montevidéu e Buenos Aires.
A grande fábrica exportava para o porto de Montevidéu e Rio Grande. Havia muita quantidade de charque, velas de ótima qualidade chamadas "Gladiador", o queijo Lagranhã comercializado desde 1896.
O curtume que produzia couros tratados, peles de bezerros, meias de solas, marroquins, cabritilhos e pelicas. Aproveitando a grande fase Saladeril exportava-se, anualmente, 6.000 kilos de queijos suínos.
Em 20 de agosto de 1887 inaugurou-se a linha ferroviária entre Uruguaiana e Barra do Quaraí. As locomotivas, movidas a carvão de lenha, conduziam imensas filas de vagões, parando nas estações de Itapitocay, Guterres e Barra do Quaraí.
O Saladero testemunhou épocas de ouro e de sangue.E após ter feito trabalhos sem conta, o velho Saladero está morrendo, sem que a gratidão humana erga, ao menos, um muro de arrimo para assegurar suas paredes quase centenárias...
Sua carcaça vai desmoronando, castigada pelo tempo e pela indiferença humana...

A alma do casarão desaparece, lentamente, entre as ruínas esquecidas.
A ONG Atelier Saladero promove projetos culturais de resgate histórico do Saladero. O público alvo são os estudantes para que contemplem o abandono lamentável dessas ruínas. "Não deixem desmoronar a nossa história"...

 

 


 

O Saladero da Barra do Quaraí foi fundado entre 1887 e 1892, sendo o primeiro da fronteira com a República Oriental do Uruguai. Destaca-se a grande atividade do Saladero, chegando, após 16 anos de funcionamento, ao número de 883.964 abates. O Saladero possuía grande quantidade de empregados que trabalhavam dia e noite para conseguir atender a demanda. Os produtos elaborados, que exportava para o Prata sem grandes dificuldades, eram também destinados à Europa.

 

 

O Saladero da Barra do Quaraí representa o início e o fim de um ciclo econômico dos mais produtivos da fronteira oeste. Observar seus edificíos como expressão de uma época, pode redimensionar seu potencial e, quem sabe, redefinir uma nova orientação econômica voltada para o turismo histórico.
É interessante observar que em 1887 foi construído o primeiro ramo da ferrovia ligando o Brasil ao Uruguai.
Mesmo antes dessa ferrovia, o Saladero, que em um primeiro momento produzia charque, adotou novas tecnologias passando a produzir conservas, queijos, massas, sabão e até mesmo velas.
Para se ter idéia da indiferença em relação a esse monumento histórico, o Saladero da Barra do Quarai chegou a ser depósito de lixo municipal na década de 90....
Para que a população da Barra do Quarai tome consciência da importância do seu patrimônio histórico a ONG Atelier Saladero lembra a grandeza da herança cultural que os antigos nos deixaram, porque um povo sem história é povo sem futuro!


 

 

Foto antiga: no tempo do Saladero...

 

Palestras

 


 

Em novembro de 2015, Argemiro Rocha palestra para acadêmicos de História (UNOPAR-Uruguaiana) sobre os aspectos econômicos e sociais do Saladero na Tríplice Fronteira no século XIX.

 

 






Muito pouco se escreveu sobre esta história...




.....Em Barra do Quarai, localizada à margem direita do rio do mesmo nome, limite geopolítico entre o Brasil e o Uruguai, encontram-se ainda hoje os vestígios materiais da expansão industrial pecuarista acontecida no Rio Grande do Sul ao findar o século XIX e o conseqüente beneficiamento da carne salgada -- o charque.
.....Pouco se escreveu sobre a indústria do charque na fronteira; bibliografia inexistente, restam algumas pesquisas esparsas e as atividades culturais da ONG Atelier Saladero que apenas conseguiram resgatar e fazer reviver na comunidade alguns relatos verbais que mais detalham memórias imprecisas dos “causos” contados por quem viveu essa época.
.....Essas desmoronadas estruturas, resistentes às ações do tempo, levam-nos de volta ao período em que o charque era o produto mais importante da economia do Rio Grande do Sul.
.....De fato, parece que estamos diante da estrutura de uma charqueada erguida em uma região tão distante do tradicional centro charqueador gaúcho.
.....Surpresa maior é saber que a produção passava sobre o rio, tomava os trilhos uruguaios e era exportada pelo Porto de Montevidéu para a Europa.
.....Assim surgiu e desenvolveu-se o Saladero da Barra do Quarai...

 

 

Uma Estação Férrea do tempo do Império




.....A antiga Estação Férrea da Barra do Quaraí é uma memória histórica castigada pelo tempo. Situada à entrada da cidade, é um cartão postal de imenso valor cultural. Majestosa e desfigurada, resiste ao tempo, lembrando os dias passados de sua prosperidade.
.....A Estação Ferroviária de Barra do Quaraí foi construída como parte da Estrada de Ferro Barra do Quaraí-Itaqui-São Borja. Essa estrada teve sua construção autorizada pelo Governo Imperial em 1877, através do Decreto nº 6771, de 15 de dezembro, que previa a execução de uma estrada que partisse da margem direita do Rio Quaraí até a Vila de Itaqui.

.....Ao que tudo indica, a iniciativa em construir essa estrada que ligava as cidades da fronteira do Estado, tinha uma finalidade mais estratégica do que econômica.
.....A concessão inicial foi dada a José Cândido Gomes, que formou a companhia "The Brazil Great Southern Railway Company Limited”, uma empresa de capital inglês, popularmente conhecida como “BGS”.

.....Iniciada a construção da estrada, seu prazo de conclusão foi prorrogado várias vezes, sendo finalizado até Itaqui, em 1888 (ONG Atelier Saladero).



Saladero, um empreendimento capitalista feito por uruguaios, argentinos e brasileiros




O estudo realizado por Argemiro Rocha faz um apanhado bibliográfico de importantes considerações feitas a respeito da implantação do Saladero na Tríplice Fronteira e o consequente surgimento do capitalismo na região em meados do século XIX.

Leia a íntegra do estudo...


A Trança Cultural


O Saladero foi o melhor exemplo da chamada "trança cultural" que uniu três povos num empreendimento não apenas econômico, pois, envolveu costumes, história, diversidade e comportamentos num só pedaço de chão.



Projeto de Ação Social Binacional promovido pela ONG Atelier Saladero





Ilha Brasileira, o santuário ecológico da Tríplice Fronteira

 




Aspectos gerais da Barra do Quaraí, uma cidade entre três pátrias




A construção de ponte irá unir as cidades de Monte Caseros (Argentina) e Bella Unión (Uruguai)